Queloide

É uma cicatriz espessa e elevada e de superfície lisa. Essa cicatriz em alto-relevo, geralmente, é limitada à pele, embora se estenda para os lados em relação ao ponto, ferimento ou incisão cirúrgica de origem (figuras 1 a 5). Devido ao fato de crescer e invadir pele vizinha, o Queloide é considerado por pesquisadores como um tumor benigno cicatricial. O Queloide ocorre na pele (exceto raríssimos casos na córnea), e é um distúrbio que somente existe em humanos.



Figura 1

Queloide em parede torácica.

Figura 2

Queloide em lóbulo de orelha.

Figura 3

Queloide reincidente (recidivado) após retirada cirúrgica, abrangendo orelha e face.




Figura 4

Queloide por ferimento acidental na região do cotovelo, de característica contrátil por estar em superfície articular, causando limitação funcional à extensão do antebraço.

Figura 5

Queloides múltiplos no dorso, por espinhas (acne), em paciente de 25 anos de idade.



Fatores de Risco

A freqüência maior encontra-se em paciente jovem, entre 10 a 30 anos, com risco maior dos 11 aos 30 anos de idade. É raro em criança e idoso. É mais comum em pessoas do sexo feminino em relação ao masculino. Relata-se quase o dobro (1,8/1) na mulher em relação ao homem, embora alguns pesquisadores não encontraram relação entre o risco de desenvolver Queloide em relação ao sexo.

O Queloide é mais freqüente, pela ordem, em pessoas de cor de pele negra, parda, amarela (orientais) e branca. Pessoas negras estão quase 20 vezes mais predispostas ao aparecimento do Queloide que pessoas brancas.

A presença simultânea de mais de um Queloide, em relação a situações com a presença de um único Queloide, também é um fator de risco para aumentar a chance do Queloide retornar após sua retirada cirúrgica. De qualquer forma, um Queloide reincidente não representa uma contra-indicação para uma nova operação.

Não existe Queloide espontâneo. As lesões sem causa aparente são provocadas por pequenos ferimentos não percebidos pelo paciente, como pequenas espinhas (pústulas) na pele por acne, lesões da catapora, ou até picada de insetos. O Queloide é também mais freqüente em regiões de pele mais escura ou pigmentada.

A causa desse distúrbio ainda está insuficientemente esclarecida. Apenas conhecem-se fatores de risco para o desenvolvimento do Queloide, como feridas suturadas sob tensão ou em regiões de pele mais espessa, que cicatrizaram sem sutura, ou feridas que evoluíram com infecção. Ainda, pessoas com algum tipo de alergia são mais freqüentemente encontradas nos portadores de Queloide, em relação às pessoas com cicatrização normal.


Quadro Clínico

A maioria das lesões (92,3%) localiza-se em posição superior ao abdome. A orelha (principalmente o lóbulo) (figura 6), e a parede torácica (mais especificamente, o peito ou região pré-esternal) (figura 7) são os locais mais freqüentes, seguidos pela região lateral da face e pescoço (figura 8). Na parede abdominal localizam-se 7,0% das lesões (figura 9), e nos membros inferiores (coxa ou perna) 1,6% (figura 10).

O Queloide pode ter crescimento contínuo, ou com períodos de parada do crescimento; geralmente, não regridem espontaneamente. Apresenta uma fase de atividade clínica, sendo chamado como “Queloide ativo”, com vermelhidão, coceira e/ou dor (figura 11), e uma fase de inatividade clínica ou estável, conhecido como “Queloide inativo” (figura 12), sem a presença de sintomas ou crescimento. O Queloide aumenta suas dimensões, ou as mantêm inalteradas, por tempo indeterminado, enquanto a cicatriz hipertrófica tende à regressão.




Figura 6

Queloide na orelha.

a) Queloide em ambos os lados do lóbulo da orelha por perfuração de brinco.

b) Queloide na parte superior da orelha por perfuração de piercing.

c) Queloide em lóbulo de orelha por perfuração de brinco, ao lado de duas lacerações de lóbulo por arrancamento de brinco, sem ocorrência de Queloide.




Figura 7

Queloide na parede torácica.

a) Queloide no peito por espinha (acne).

b) Queloides múltiplos no peito por espinhas (acne).

c) Queloide no peito por cirurgia cardíaca.




Figura 8

Queloide na região lateral da face e pescoço.

a) Queloide na face por espinha.

b e c) Queloide no pescoço por ferimentos acidentais.




Figura 9

Queloide na parede do abdome.

a) Queloide abdominal após cirurgia de apendicite aguda e no umbigo após outra cirurgia.

b) Queloide em região pubiana por infecção após depilação (foliculite).

c) Queloide em cicatriz cesariana.




Figura 10

Queloide no membro inferior.

a) Queloide na coxa após cirurgia de varizes (safenectomia).

b) Queloide na perna após furúnculo.

c) Queloide no dorso do pé em cicatriz por ferimento acidental.




Figura 11

Queloide em atividade clínica na parede torácica, apresenta-se maisavermelhado e com alto relevo, principalmente na periferia da lesão, além da presença dos sintomas de coceira e dor.


Figura 12

Queloide sem atividade clínica na parede torácica, pode apresenta-se mais claro ou escuro, porém sem avermelhamento na lesão, a qual tem, difusamente, um relevo mais baixo, e, geralmente sem apresentar sintomas.